Narrativa de Campo Escuro (Sincretismo)

Apropriação de duas heliogravuras de Max Rooses, de 1902, a partir de pinturas de Antoine Van Dyck (de 1625 e 1621, respectivamente) e texto caligráfico sobre papel canson branco
40 x 32 cm cada
2023

A obra se constitui de duas reproduções de Antoine Van Dyck de heliogravuras realizadas por Max Rooses. A primeira traz a crucificação de São Pedro; a segunda, a história de Dédalo e Ícaro. Acompanham as imagens um texto ficcional em que a Ío reflete sobre um culto, surgido na zona rural da França no século XVI, no qual duas gerações de homens se tornaram líderes de uma dissidência religiosa cristã cujo fervor místico era induzido por uma sensibilidade magnetoperceptiva. Este texto, ficcional e manuscrito, se apresenta como um relato histórico, embora traga um exercício de imaginação sobre possíveis consequências de possuir um sentido, até então desconhecido, em um contexto que não dispõe de outros recursos além daqueles da ordem do misticismo religioso para compreender os fenômenos naturais. Na narrativa construída, um dos personagens busca criar uma lógica própria a partir das referências a seu alcance, entrelaçando dois diferentes sistemas de crença por meio das figuras de São Pedro, de um lado, e Ícaro e Dédalo, de outro, em um estranho sincretismo que intenta justificar sua experiência com a percepção magnética.